04/12/2013

Esplêndido

Essa foi a primeira palavra que me veio a mente ao me deparar com a belíssima Sala São Paulo. E depois, quando tive o primeiro contato com a super competente Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), esplêndido já era pouco e meu português tinha se esgotado para me expressar. Mas Zelda Fitzgerald ecoava na minha mente com sua voz forte e estridente: "mortificado, estupefato, lobotomizado (...)".  Aqui tentarei descrever para vocês, caras e caros leitores, o quanto espetacular é uma orquestra e o quanto vocês tem de passar por essa experiência quase transcendental. 

Com vocês, o Oboé e o Maestro.

O Oboé

O primeiro ato foi divido em dois. Me pareceu que a primeira parte foi como a OSESP queria se apresentar ao público e mostrar do que era feita. E que apresentação! Num time composto por uma belíssima harpa, dois pianos, oboés, trompetes, (os poderosos) violoncelos e contra baixos, dentre outros e incríveis músicos, a OSESP fez o público se arrepiar. O concerto prometia. Em seguida, entrou a estrela da segunda parte do primeiro ato: "o Oboé". 

Washington Barella

Com um solo incrível, que mereceu quase 5 minutos de aplausos ininterruptos ao fim de sua apresentação, o oboísta Washington Barella me fez viajar pela infância, adentrar numa aventura imaginária, me inserir num desenho animado de perseguição ou percorrer centenas de lembranças em poucos minutos - ou ainda inibir completamente minha hiper atividade. Ele tinhas seus momentos, demonstrando toda sua habilidade com o instrumento, entoando uma música que me fez lembrar aquele conto em que, neste caso um flautista, entoava canções e hipnotizava ratos. Mas o ápice foi a perfeita "dupla" com a orquestra acompanhando-o , incitando a "briga" entres os violinos, violas, cellos e baixos. O resultado desse conjunto? Júbilo!
Ao fim do primeiro ato, o público aplaudiu. Aplaudiu continuamente de maneiras diferentes até que, na terceira vez que Barella voltou ao palco para agradecer a mínima homenagem que poderíamos fazer, nós cessamos, pois vinha aí o segundo ato. 

O Maestro

O maestro David Atherton
O segundo ato foi como assistir (e criar) ao mesmo tempo um filme romântico, aventuresco, de suspense ou até mesmo de comédia. Não é preciso imaginar seres sobrenaturais para se deparar com momentos de suprema criação: o ser humano, por si próprio, pode fazê-lo. E como fez! 
David Atherton guiou de forma (sem trocadilhos) maestral a OSESP e mostrou como violinos podem ser ferozes, contra baixos podem ser sérios e carrancudos, trompas, trompetes e trombones podem gritar mais alto que todos eles e que o leve som do oboé ou da harpa podem fazer a diferença. O Mastro esbravejava, fazia movimentos rompantes, expressava dor, felicidade e, por vezes, suavidade. Tudo isso para guiar músicos extremamente talentosos e encantar uma plateia que ao fim do segundo ato, e do concerto, não aguentou, aplaudiu de pé durante mais de 5 minutos uma apresentação memorável - ah, eu fui um dos primeiros a ficar de pé e, por um momento, achei que choraria tamanha a emoção.

Esplêndido! Espetacular! Incrível! Muito bom! (quem me conhece, me imagine gesticulando com braveza e obstinação e aí, talvez, eu consiga passar a emoção por essas interjeições)

Eu não sou músico. Então pouco ou quase nada entendo dos instrumentos, acordes e correlatos. Sou um mero leigo nessa incrível arte e um ignorante apreciador. Todo esse furor deve ser risível para muitos que já assistiram ou que muito entendem de música. Mas o mantenho e o reitero! Assisti a minha primeira orquestra e achei surreal. Vou em busca da segunda, certamente.

Ah, e se você está achando que é caro, não dá para ir, não é para qualquer um...Enganou-se! Os ingressos variam de R$ 10,00 (sessão de quinta as 10h), R$ 28,00 a R$ 160,00 a depender do lugar (de quinta a sábado - a noite) e gratuito no domingo. Ainda tem desculpa com preço?

Como diz a propaganda: "vá, vá de carro, vá andando, vá sozinho, vá com sua mãe (eu fui :D) ...". Resumindo: vá!



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