06/04/2013

Robôs, cavalos e "pets".




O que robôs e cavalos tem em comum? Aparentemente nada. Mas pensemos melhor: eles são criados para exercerem tarefas específicas. Robôs para montarem carros, varrerem casas, detectarem câncer, dentre outros. Éguas para reproduzir varões, varões para correr, para servir de transporte, e não sei quantas outras utilidades mais. 
Outra coisa interessante é que eles não precisam conversar entre si (cavalos entre cavalos e robôs entre robôs, ok?). Eles não precisam trocar ideias para exercerem suas tarefas, não precisam construir conhecimento, não precisam de descanso (pobres cavalos), não precisam se relacionar, não precisam compartilhar ideias e experiências. Para o cavalo, basta que ele fique em sua baia e quando necessário faça sua tarefa. O robô, por sua vez, na sua estação, repetindo, incansávelmente (outra coisa interessante, ele não cansa!) a mesma tarefa sem pestanejar, contestar, "pensar", discutir com o robô do lado. Interessante, não? Como dois "seres" tão, aparentemente, díspares se parecem.

Mas há outro indivíduo muito parecido com eles: o colaborador domesticado (carinhosamente apelidade aqui de "pet"). 

Diferentemente dos demais, o pet me parece ser um híbrido. Ele trabalha em baias, mas
roboticamente. Cavalos ainda se comunicam de alguma forma (natural), mas robôs e pets somente se comunicam quando lhes são permitidos (ou programados). E, quando ocorre uma falha na programação e eles tentam se comunicar entre si, eles são severamente punidos, repreendidos ou até reprogramados. 

Mas o pet (relembrando, o colaborador domesticado) é como os demais supracitados: não podem compartilhar ideias, não podem conversar entre si, não podem se comunicar, eles simplesmente não podem nada. Exceto, claro, o que lhes são programados para fazer: suas repetitivas tarefas (e sem pestanejar, lógico). Acho que quem criou os pets, querem espremê-los até a última gota de criatividade e natural humanidade. 

A minha visão disso tudo? É bem pior que a estou escrendo aqui. Mas não se engane, raro leitor, eu sou minoria. O que não falta são espécimes "prontas" para serem dominadas, programadas e plugadas aos cabos do trabalho individualista que só alimenta um organismo maior, que suga e, por fim, transforma o pobre pet nisso:

Mas estamos irremediavelmente fadados a esse fim? Não penso que exista destino. Penso que há muitas organizações que reconhecem que o maior bem que elas têm são as pessoas (isso mesmo, seres humanos!) que trabalham nelas - essas são a esperança. São elas que sabem que as pessoas (relembro, humanos) podem produzir mais se comunicando, discutindo, se ajudando, produzindo conhecimento e , como todo empresário descolado adora, inovando.  Mas se nem esses halos de luz na escuridão - que ainda paira no mundo corporativo - forem suficientes para mudar a realidade, os pets serão dominantes e todos nós vamos acabar assim:



Se já não está assim em alguns lugares.

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