18/03/2013

Grupo ou indivíduo?


A valorização do indíviduo é importantíssima, mas a sobreposição deste sobre  um grupo compromete toda a noção (natural) de que o indivíduo tem mais progresso quando o grupo que se está inserido tem sucesso.  Como você acha que a população humana chegou ao estado atual? Foi cada um por si? A interação com outras pessoas é inevitável, a despeito de qualquer "ética" egocêntrica, e o sucesso através do grupo é, evolutivamente, mais vantajoso para os próprios indivíduos. É importante saber discernir individualismo de individualidade.

Levemos isso para as empresas. Me parece que muitas delas não sabem a diferença.

Existe uma vaga e enganosa noção que se todas as pessoas de uma organização alcançam o sucesso, então toda a organização alcança o sucesso. Isso somente se torna verdade se todas as pessoas atuaram em grupo e suas metas individuais são fruto de metas do grupo (top-down). É difícil compreender isso, quando a simples estatística nos diz o contrário.
Mas o que acontece quando um colega de trabalho precisa de ajuda e você ainda precisa bater a SUA meta? Você será altruísta ao ponto de se sacrificar em prol a seu colega? Quando o individualismo é posto no altar isso raramente acontecerá - isso dá até trela para um post sobre evolução das espécies. ;)

Mas se o grupo for o alvo? O detrimento de um dos invidíduos em prol a outro, pode não acarretar em prejuízos gerais. De fato, a probabilidade disso diminui, promove-se o trabalho em equipe (como um "Time Completo") e o foco se torna o sucesso de todo o grupo que resultará, naturalmente, no progresso de todos os indivíduos. Inverta esse processo e me diga como pode ser saudável a competição entre integrantes do mesmo grupo para que este alcance o grande prêmio.

Não se engane. Pessoas precisam de estímulo, motivação. O que escrevo não é sobrepujar o indivíduo, mas dar prioridade ao conjunto resultante do trabalho de várias pessoas. Monitorar os integrantes de um grupo individualmente, sem que estes saibam como, é importante para premiar quem se sobressai, levantar o moral deste e não denegrir o sentimento geral.



Reproduzo um dizer de Eliyahu M. Goldratt, dissertando sobre o Lean Software Development: "Diga-me como serei medido, que eu te direi como me comportarei". Dê um conjunto de metas individuais para uma pessoa e ela se moldará para este números. O todo é completamente denegrido e esquecido em prol somente às necessidades individuais. A ideia de equipe se torna meramente colateral.

Quando as metas são para o grupo, cada integrante fará o suficiente para que sua contribuição seja, ao menos, a miníma para se alcançar o sucesso. Dessa forma, não será prejudicial para um ou mais integrantes do grupo, que já tenham atingido sua "quota mínima", cessarem seus trabalhos para ajudar os demais colegas que não alcançaram o suficiente para ajudar todo o grupo. Dessa maneira, é possível que haja ajuda mútua sem prejudicar a individualidade de ninguém e ainda a promoção do sucesso geral.

Tudo isso chega a soar utópico, romântico ou até "biológico" demais. Mas é assim que aqueles que não entendem que valorizar uma equipe é a melhor maneira de valorizar todos os integrantes dela enxergam todo esse discurso. Mas é realmente tão difícil de entender isso tudo? É sim. Dificuldade é uma medida subjetiva e, obviamente, não é interpretada da mesma maneira por todo mundo. É por isso que existem organizações que não pensam dessa maneira. 

O resultado disso é um modo distorcido de valorizar o indivíduo. Além de ser a melhor maneira de secundarizar o trabalho e o sentimento de equipe, monetarizar e capitalizar o individualísmo.

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