Segundo o ilustríssimo Dr. Drauzio, a depressão "é a tristeza quando não acaba mais". Talvez não sejam as palavras que mais se espera de um médico, principalmente um renomado como o sr. Varella, mas penso que o fez para se comunicar da melhor maneira possível com seus leitores.
E ele completa: "Do início insidioso, a depressão evolui continuamente para quadros
que variam de intensidade e duração. Nos casos mais simples, a pessoa
pode curar-se por conta própria em duas a quatro semanas. Passado
esse período sem haver melhora, os especialistas recomendam atenção
e tratamento, porque a depressão prolongada pode levar a suicídio
e mortes por causas naturais". Mas não se engane, a depressão é uma doença.
No link referente a esse assunto, o Dr. apresenta duas perguntas e alguns sintomas dessa ardilosa doença. Vale a pena conferir este link, se você "durante o último mês, esteve frequentemente chateado por se sentir deprimido e desesperançado" ou "durante o último mês esteve frequentemente chateado por sentir falta de interesse nas atividades".
Nesse monstro que vive em todos nós, convivem, fantasia, doença e esperança - ao menos nesse blog.
Penso em depressão quase como uma entidade. Isso se deve ao fato de eu achar tão espetacular o corpo virar contra si próprio - e também devido a "dicotomia do eu lírico", nativamente genética e evolucionária, aflorar dos meus devaneios. Veja, a visão que descreverei a seguir dessa doença é meramente fantasiosa e, talvez, poética e quero deixar claro que sei que é uma doença muito complexa e nada mais que "biologicamente natural".
Sob o véu de um mundo depressivo, não há escala de cinzas. A vida se torna um preto pálido, com alto contraste de fundo, onde toda perpectiva de mundo é reduzida para somente um ponto perdido. Não há motivo, acho. Não tem origem, ao menos poética. Simplesmente chegou e pode ficar, antropomorfizando-a. Não há vontade de nada, concentração em coisa alguma. Como disse o dr., só há tristeza. Tristeza por estar triste, principalmente. As cores perdidas dão lugar a solidão inigualável, a um eco assustador e a extenuante e quase incarregável obscura culpa. É uma enfermidade que ataca o que nos mantém vivo: o ego. E sem ele (ou dilaceradamente maltratado e esquecido) somente resta o suicídio. Mas esse, que parece ser o fim, pode ser o turning point de tudo. Não vou entrar nas minhas premissas lógicas do suicídio, mas ele é completamente ilógico (para não dizer egoísta e, talvez, covarde). É nesse ponto que penso: será que não temos nada, além de medicação regulatória, para "nos autocombater"?
O chamado "mal do século" (vi até "mal do milênio") até hoje não tem uma resposta conclusiva. Não obstante, o que me fez engenheiro foi antes a paixão por ciência e tecnologia, e estas, fossem elas da minha ou de qualquer outra área, são incessantes na busca por respostas. Posso citar aqui rápidas reportagens encontradas num buscador qualquer sobre novos tratamentos e pequisas para a depressão, como estimulação magnética, estudo do comportamento químico do cérebro, AFSNA e até cogumelos alucinógenos - me interessei.
Mesmo que essas e outras pesquisas e tratamentos sejam preliminares, controversos, debatíveis ou não, o fato de nós continuarmos a busca pela solução e o surgimento de vários tratamentos diferentes é de se dar, ao menos para mim, alguma esperança. Calma, eu sei. É um argumento fraco pois, possívelmente, não vai funcionar para muita gente. Mas para um mundo preto, vazio, sorumático e, quicá, fantasmagórico, acho que até um argumento fraco pode ser válido.
No meu caso, caso "ela" venha (ou retorne), eu sempre a aguardarei com uma boa bebida e uma boa música - possívelmente bem melancólica para fazer jus a companhia - seja no meu quarto escuro ou numa boa mesa de bar.
"For the worse that the life can be, I prefer live on it rather than leave it".
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