05/07/2012

Amor de pai



Sinto-me triste e contente ao mesmo tempo. O contentamento veio da minha súbita percepção de que meu iPad 2, com pouco mais de um ano de uso, continua a ser mais e mais útil para mim (emails, jogos, redes sociais, artigos e navegação em geral). E isso porque já foi lançado o "New iPad" e não sinto a mínima vontade de correr para migrar para ele. Mas hoje me vi fazendo algo que jamais achei que faria repetidas vezes e de maneira prazerosa no iPad: viajar na literatura.

Tenho (e estou lendo) o belíssimo livro (tudo bem que, para mim, todo livro é belo) sobre a biografia de Steve Jobs, escrito por Walter Issacson - recomendo bastante o livro, pois é bem detalhista, rico e conta a história de um dos maiores revolucionários que esse mundo já viu. Andava com esse livro para cima e para baixo e, fosse qualquer oportunidade, eu o tirava da minha mochila e o pegava para ler. Mas é um livro pesado de 600 páginas. 
Certo dia, em minhas viagens para Salvador, resolvi (relutantemente) deixá-lo em casa e tentar a leitura do livro no iPad (sim, também tenho ele no formato "ePub"). No início foi difícil e estranho. Não conseguia ficar nem uma hora lendo, mas como eu gostei tanto do livro quis fazer o esforço. Contudo, sempre quando voltava para casa, deixava o iPad de lado e corria saudoso para o bom e velho livro de papel. Mas a Apple não fez esse incrível produto atoa para ler livros e quando eu menos esperei, já estava a quase 250 páginas do ponto onde deixei pela última vez meu marcador de página. 

Me vi contente por poder carregar 6 a 7 livros num "idevice" de menos de um quilo e que cabe no bolso pequeno da mochila, mas me apertou o coração ao ver as lágrimas de meus belos e encantadores livros olhando-me como um filho abandonado pelo pai.

3 comentários:

  1. Ler, no I-pad, é uma forma utilitarista e socorrista.Ler no velho e bom livro é uma forma sensorial de leitura:a textura das paginas, o peso do livro, seu cheiro, o prazer de tê-lo junto ao peito com os olhos fechados, acariciando o Pai.O livro é pai meu caro, e naõ filho.È o pai silente e paciente, sempre a sua disposição,mesmo que vc use-o como calço ou peso de papel, ele o livro-pai, será sempre útil.(no mínimo).

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  2. Perspectiva interessante para a inversão afetiva dos papéis. Mas em uma coisa concordamos: nada substitui um bom livro.

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  3. Meu caro Matheus.

    Não é uma inversão afetiva tendo em vista que pai e filho são aspectos de uma mesma realidade.A realidade viva da vida.Bom percurso.

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