GVT, profetas e QoS

A GVT, detentora de seguidos prêmios desde 2008, veio para desafiar. Desafiar a concorrência, a incredulidade de vasta população brasileira e o talento dos "novos profetas" - pessoalmente falando, claro.
Falar o quanto vejo, leio e ouço sobre pessoas elogiando e sonhando com a GVT em suas casas vai soar repetitivo. Mais ainda do percentual crescente de pessoas descontentes com serviços 3G (0.47G, na verdade) de quinta categoria ou de serviços ADSL de "banda larga" de 1Mbps que falham ou que negam serviço constantemente.
Mas falar de como um profeta foi pego de surpresa por duas vezes e que os fatos em curso poderão levá-lo a uma de suas raras, mas mais impactantes falhas de "previsões" e outras cositas màs, será mais interessante.



Minha breve visão sobre Feira de Santana é: uma cidade desorganizada. Assim como outras milhares neste país ela foi crescendo desordenadamente, sem infraestrutura adequada para sustentar o crescimento e a população. É uma cidade que ainda está na década de 90. É exagero? Para um município que alguns ainda usam internet discada e que a média de acesso a rede é de 300Kbps e o acesso a computadores é pouco significativo, é um bom indício de onde ainda estamos parados.

A saída para a grande população (que pode pagar) ainda é a frágil internet via rádio. Existe ADSL, claro, mas somente em bairros abastados ou próximos a antiga infraestrutura de rede criada antes do advento da parca 3G (onde não tem Velox, empurram 3G). Antes da GVT, se alguém quisesse contratar um serviço de internet um pouco mais rápido quem 300kbps, tinha de torcer para morar no lugar certo para ter o Oi Velox. Ou ter que engolir um modem 3G com limite de tráfego e também torcer para morar num lugar com boa cobertura. Ou ainda contratar uma internet via rádio, torcer para que a empresa tenha um mínimo de competência e ainda torcer para morar num lugar em que o sinal não oscile muito. Percebe que em todas as situações, temos de torcer para morar "no lugar certo"? Se tivesse infra de verdade, a torcida só ficaria para jogos de futebol, poker e outros mais.

Por esses e outros fatos é que um profeta disse: "a GVT somente chegará onde moro ("um lugar errado") quando tiver 30 anos ou quando morto". Parece drástico, mas são quase 25 anos de um cenário cinza escuro que pouco se coloriu durante os anos. Mas há 8 dias esta "profetização" foi primeiro desafiada.
Há 8 dias este profeta recebeu uma ligação de seu progenitor masculino (vulgo, pai) informando-o que um consultor da GVT estava em sua casa e eles estava fechando um pré-contrato para um link de 15Mbps. Ele gostou de ser desafiado, por dois motivos: gosta de desafios e teria um serviço de internet da empresa de telecomunicações que mais cresce no Brasil.

E, talvez, o maior motivo de ter escrito este post foi o segundo baque que ele teve. Ao sair para o trabalho ontem, o referido profeta presenciou a equipe da GVT cabeando sua rua, bem em frente à sua casa e, então, ele percebeu que, as probabilidades de, neste ponto, estar errado aumentaram bastante. Mas esse é um dos raros casos em que ele gostou bastante de estar chegando próximo ao engano.

Mas toda essa história iluminou uma das milhões de lampadas de incredulidade da minha mente. A GVT deve ter um patamar de QoS muito bem estabelecido e bem alto. Mas esse QoS sempre funcionou para um número controlado de usuário e menor quantidade de municípios cobertos. Será que isso se confirmará com a rápida expansão de seus serviços para novos milhares e ávidos usuários? Ou a GVT cairá na tentação da Oi, Tim e outras mais empresas que se aproveitam de seus monopólios para expandir serviços sem infra e qualidade e se aproveitando da paciência e dinheiro dos consumidores?

Torço para que não. Torço por mim. Torço por nós. Torço para que o profeta mencionado esteja errado.