07/12/2010

Semicondutores: Toshiba vai projetar chips no Brasil em 2011

A Toshiba Corporation do Japão assinou na última sexta-feira (03) um memorando de intenções para criar sua primeira design house de semicondutores no Brasil. Opa, uma fábrica de chips? Não, um lugar para projetar chips.


O memorando fala na criação de uma joint venture entre ela e duas empresas locais — a Semp Toshiba Informática Ltda. (STI) e o Wernher von Braun Center for Advanced Research (VBC) — que irá projetar semicondutores voltados para aplicações locais. A previsão é que a nova empresa seja criada até o final de março de 2011, época em que receberá um aporte de capital de US$ 4 milhões. A STI será dona de 60% dessa empresa, a Toshiba Corp. fica com 30% e a VBC, com 10%.
O novo empreendimento terá sede na cidade de Campinas, interior de São Paulo.

Shozo Saito, CEO do grupo de componentes e dispositivos eletrônicos e vice-presidente executivo da Toshiba Corp, disse que no comunicado oficial que sua empresa recebeu no seu centro de microeletrônica em Kawaski, vinte engenheiros brasileiros na VBC que passaram cinco meses em treinamento intensivo na área de design de circuitos. Fora isso, desde março deste ano a Toshiba designou dois de seus engenheiros que foram trazidos para cá com o amparo da JICA (mais conhecida como “Jaika”— Japan International Cooperation Agency) para dar suporte e treinamento na área de desenho de semicondutores, parte do projeto “CI Brasil” do governo federal.

Eu me lembro que, em meados de 2006 — época em que o Brasil estava decidindo qual seria o padrão de TV digital no Brasil — o Japão colocou na sua oferta que, caso o sua tecnologia fosse a escolhida, haveria a possibilidade dela cooperar no desenvolvimento da indústria local de semicondutores, incluindo uma fábrica de chips no Brasil (uia!).

Quando o padrão japonês foi finalmente o escolhido, novas informações surgiram dizendo que a Toshiba seria a interessada em montar a fábrica. Entretanto, a própria Semp Toshiba em uma coletiva de imprensa aqui no Brasil, confirmou que tais estudos realmente existiam, mas que a implantação de uma fábrica ainda dependeria de outros fatores, em especial a demanda do mercado, já que uma planta desse tipo não se sustentaria somente com as vendas locais. No fim das contas, o papo mixou e ficou por isso mesmo.

Agora vemos que a Toshiba optou por um caminho alternativo e de um certo modo mais racional e pragmático, já que com uma design house a empresa terá condições de incentivar a formação e utilizar mão de obra-local para desenvolver os mesmos produtos que o país necessita só que produzidos em grande escala em outras fábricas ao redor do mundo, um sistema conhecido como fabless e adotado por outras gigantes do ramo como NVidia, AMD, VIA, etc. Isso de um certo modo vai de encontro com o que José Scodiero da ARM nos disse: Que o mercado brasileiro já está num estágio de desenvolvimento que comporta a criação de seu próprio ecossistema local de silício o que poderia no futuro, até viabilizar uma fábrica.

Esperamos que com esse anúncio, a Toshiba Corp. anime seu parceiro local (Semp Toshiba) a reforçar sua linha de produtos de consumo com a marca Toshiba, trazendo para cá equipamentos melhores e mais avançados do que os atualmente vendidos com a marca Semp.
Henrique comenta: com essa operação de design center “fabless”, creio que todos os rumores ouvidos nos últimos dois sobre o fim da parceria entre Toshiba e Semp Toshiba vão por água abaixo, certo? E, de qualquer modo, antes um design center do que nada: espero que a notícia ajude a acalmar a ansiedade de certos repórteres de TI que, em toda coletiva de Intel e AMD sempre fazem a clássica pergunta “e a fábrica no Brasil?” :)
Nagano comenta: O que algumas fontes do mercado já me disseram é que a Intel nunca desistiu de ter uma fábrica aqui no País e toda vez que Barret (e depois dele, Otellini) visitava o Brasil, dava uma passadinha lá no Planalto para ver se esse assunto avançava. Fato é que em 2006 a Intel resolveu instalar na Argentina um centro de desenvolvimento de software (ASDC) em Córdoba, passando para trás candidatos como São Paulo e Cidade do México. E como eles conseguiram essa façanha? Segundo o Inquirer o governo de lá ofereceu incentivos fiscais e até a construção do prédio que abrigaria o centro. É a velha oferta de quem tiver a melhor oferta leva a parada.
Do Zumo!

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