15/02/2011

O limiar da generosidade

"Toda ajuda é sempre bem-vinda!" 
Talvez, não.
Sempre achei que ser generoso ou solícito não é algo que seja essencial para alguém se relacionar socialmente. Acho que o respeito para com qualquer pessoa, já carrega uma porcentagem mínima de generosidade ou ainda cordialidade. Mas isso é um assunto para um outro "post".

Venho hoje discutir a generosidade no ambiente de trabalho. Falo, sempre que oportunamente, para meus colegas (de trabalho ou não): o limiar da solicitude é muito tênue.
Diferentemente da minha opinião sobre a convivência geral inter-pessoal, gosto daqueles integrantes de equipe ou de empresa que estão sempre prontos para ajudar, que se mostram espontâneamente solícitos a contribuir com a equipe para a evolução desta como um todo (desempenho, conhecimento, etc.). Mas avaliar se essa solicitude está sendo benéfica ou não é muito difícil, para não dizer transparente. Só se sabe quando se atravessa essa linha.
E digo benéfica (ou maléfica) tanto para àquele que se propõe a ajudar quanto para o "socorrido". Li uma reportagem na INFO que dissertou a respeito de que generosidade demais vira problema no trabalho. Segundo a pesquisa, dentre as suposições que podem surgir dos outros colegas em relação ao "santo" ou a "santa" (ou a corja deles), a que eu mais achei interessante é que o colega samaritano é tão "odiado" quanto o colega egoísta. Daí, no fim das contas, se você é assim e acha que está próximo deste patamar, você é tão chato ou inconveniente quanto àquele sociopata no canto da sala que trabalha numa sala de espelhos e discute e enxerga somente a si mesmo.

Eu vejo basicamente dois problemas: se o colaborador (maneira bonita de chamar o funcionário) é espontâneamente solícito ele tem de ter cuidado de não cair na armadilha de sempre ajudar a todos e acabar não ajudando a si mesmo. Ele ajudará a equipe a subir, mas quem o ajudará depois? E outro problema é como isso é feito. Se essas ajudas são dadas da mesma forma a crianças que não conseguem fazer nada sem auxílio dos pais ou para pessoas especiais (palavra politicamente correta para pessoas com deficiências físicas e/ou psicológicas), então há algo certamente de errado. Seus colegas podem parecer felizes com sua atuação. Mas talvez o sorriso na cara deles seja de um plano mirabolante para cortar suas pernas.
Por fim, penso que seja coerente estar pronto a ajudar, sempre que não vá prejudicar seu trabalho (que, fatalmente, irá prejudicar o de alguém) ou que interfira no de outro. Além disso, se você estiver em um cargo de monitoramento, procure, de tempos em tempos (nada cronometrado, algo que "lhe der na telha" - mas não fique voando) perguntar a seus colegas se eles não estão precisando de seu auxilio, não necessariamente na tarefa que eles estão desempenhando.

Seja prestativo, mas não a ponto de ser taxativo.

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