Hora do almoço no Castelo de Montjuic, em Barcelona
Aqui na Espanha existe uma hora do dia que é praticamente sagrada: a siesta. Em Barcelona, das 14h às 17h, a maioria dos estabelecimentos comerciais fecha as portas para que os funcionários almocem e descansem depois do almoço. Para muitos, isso inclui uma soneca.O horário de trabalho aqui, geralmente, vai das 10h às 14h e depois das 17h às 21h. Aos domingos, praticamente nada está aberto, incluindo shoppings e lojas nos pontos mais movimentados da cidade.
No começo, achei isso muito, muito estranho. Não só eu, mas praticamente todos os estrangeiros que vivem aqui. Como o país quer ser economicamente competitivo dessa maneira? Como podem os empresários ver tão claramente que estão deixando de ganhar dinheiro e mesmo assim continuar fechando as portas no meio do dia?
Quando se presta atenção, é possível ver que as lojas que estão abertas no horário da siesta geralmente são de árabes ou de orientais (acredite, são muitos deles por aqui). Os grandes grupos, muitos com capital internacional, também tentam manter os estabelecimentos abertos o maior tempo possível, embora esbarrem em impedimentos legais.
Não estaria a Espanha correta?
Depois de fazer parte do coro de críticos, passei a refletir e tentar ver a situação por outra perspectiva. Não estaria a Espanha correta e os outros países capitalistas workaholics errados? Por que considerar que está certo quem quer trabalhar mais e errado quem quer equilibrar melhor o tempo de trabalho com o de descanso?
Digo, a vida é bem mais que trabalho. Levar os dias em um ritmo mais tranquilo, principalmente com tempo para almoçar direito em vez de engolir qualquer coisa entre uma reunião e outra, parece ser um hábito muito mais salutar do que trabalhar que nem louco por 10 horas seguidas, como muitas vezes fazemos.
Lembro que o Ricardo Semler dizia que achamos normal abrir o e-mail do trabalho durante o domingo, mas consideramos um absurdo alguém ir pegar um cinema no meio do expediente da terça-feira. Por isso surgem ideias como o Plano de Desaceleração da Vida, de Sérgio Xavier.
O Brasil está bastante influenciado pelo modo de vida americano, com o agravante que passamos ainda muito, muito tempo no trânsito antes e depois do expediente. Talvez devêssemos parar de olhar tanto para o Tio Sam e mirar um pouco mais a Espanha.
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Bueno, ¿qué demonios estamos todavía aquí?
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